quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Estranho II

Segui caminhando sem rumo pelas ruas, a noite estava realmente agradável, até que avistei uma praça e revolvi ir até la para sentar em algum banco -novamente tendo atitudes de uma adolescente inconsequente, isso estava saindo do controle-.
Caminhei diretamente para o primeiro banco que visualizei. Até que os bancos estão conservados, pensei comigo. O assento era de madeira, as laterais de ferro trabalhado. Fiquei ali observando cada detalhe, quase esquecendo do que acontecia a minha volta. Ah, sim, faço faculdade de Arquitetura e urbanismo.
De repente sinto um frio percorrer minha espinha, mas não por estar com frio. Levanto a cabeça para olhar pros lados e me certificar de que não há motivos para preocupação, mas antes que eu pudesse pensar em agir ouço aquela voz rouca e aveludada, "tão lindo e tão deprimente", ele diz. Sem precisar olhar eu tive a certeza, era Lucius. Por um momento paralisei e precisei respirar fundo para conseguir olhar para ele. Estava ali em pé ao meu lado observando o céu, como se já estivesse fazendo isso ha um bom tempo.
Fiquei muda, simplesmente não soube o quê ou como responder.
Sentou-se ao meu lado e me olhou dentro dos olhos. Era como se procurasse algo ali.
Ele estava diferente, estava misterioso e seus olhos ardiam em chamas.
"O-oi", foi a única coisa que consegui dizer e nesse momento foi como se houvesse quebrado um encanto. Lucius desviou o olhar por um instante e quando o retornou parecia mais sereno.
Quando recobrei a consciência lembrei de que ele havia sumido, sem explicação naquela noite no Pub.
"Bem, já é tarde e tenho compromissos amanhã... Licença." disse e fui começando a levantar antes que não conseguisse mais suportar a tentação de beija-lo. Sim, eu queria e muito sentir seus lábios, seu toque, ter seu corpo junto ao meu... "Contenha-se!" pensei comigo mesma.
"Por favor, deixe-me te acompanhar." disse Lucius quando eu já estava quase em pé.
"Não, obrigada. Posso ir muito bem sozinha." disse-lhe e sai a passos em direção a minha casa.
"Então me dê o número do seu telefone, eu tive uma emergência naquela noite. Quero leva-la para jantar e explicar o ocorrido. Jamais deixaria uma dama sozinha sem nada dizer se não fosse realmente importante." retrucou ele.
Já estava sendo difícil demais negar qualquer coisa a ele, não resisti mais e decidi aceitar. Respirei fundo e falei bem calmamente, tentando manter minha voz estável:
"Ok, está bem. Ligue e combinaremos algo."
Ele anotou meu número em seu celular.
"Realmente devo ir..." falei e acenei-lhe.
Ele me acenou de volta. Então virei-me e segui meu caminho para casa sem olhar para trás.

Nenhum comentário:

Postar um comentário