quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Estranho III

No caminho de casa tentei não pensar em nada, apenas em tomar um bom banho para relaxar. Quando cheguei preparei um sandwish e fui para o banho. Enquanto me secava pensava no que havia acontecido.
"Ainda não acredito, como fui deixar isso acontecer?
Eu era pra te-lo indagado ali mesmo onde estávamos, como não pensei nisso? Onde eu estava com a cabeça?" indagava a mim mesma. Na verdade eu ja sabia a resposta, mas preferi ignorar.
Eu estava exausta e precisava dormir pois na manhã seguinte tinha aula. A noite estava quente então preferi não usar pijama.
"hnm..." resmunguei enquanto acordava atordoada com um barulho estridente de um sonho maravilhoso. Eu havia sonhado com ele... Em meu sonho eu acordei no meio da madrugada e ele estava sentado nos pés da minha cama me fitando com aquele olhar abrasador e sem dizer uma palavra se aproximou lentamente enquanto eu o acompanhava com o olhar. Colocou a mão em minha nuca e roçou seus lábios suavemente na minha jugular me arrepiando dos pés à cabeça. Afastou-se por um momento olhando-me dentro dos olhos e então eu acordei com o som do telefone.
Levantei cambaleante da cama para atender o telefone que gritava na sala-de-estar e na passada olhei o relógio da cozinha, eram 5:20. Atendi o telefone já indignada com a criatura que havia me despertado de meus sonhos . Era minha mãe. Naquele momento lágrimas correram pelo meu rosto e uma profunda angustia substituiu minha indignação. Ela ligava para avisar que minha avó falecera e que o funeral seria em dois dias.
Coloquei o fone no gancho sem conseguir me despedir. Lágrimas silenciosas brotavam de meus olhos e escorriam por minhas bochechas. Fiquei ali, em pé, por algum tempo relembrando cada traço de minha minha avó. Elas se chamava Emília e era uma cozinheira de mão cheia, eu adorava o arroz-com-leite dela. Usava o longo e grisalho cabelo liso preso em um coque e vestia-se muito bem. Durante alguns anos da minha vida foi ela que exerceu o papel de mãe.
Quando dei por mim já havia amanhecido e eu ainda estava ali no mesmo lugar. Eu precisava pensar no que fazer, não estava com cabeça para assistir aula e queria poder estar presente no funeral dela, mas a entrega do projeto estava marcada para hoje.
Eu precisava pensar...

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